O Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) apresentou nesta quarta-feira (01) pesquisa que revela o perfil da atividade industrial do leite no Paraná. Ela demonstra o avanço da indústria nos últimos anos, mas aponta também que é hora de diversificar a linha de produção e investir em novas tecnologias e em capacitação para se manter competitiva.
O secretário da Agricultura e do Abastecimento, Erikson Camargo Chandoha, atribuiu o avanço das indústrias de laticínios no Paraná à implementação de políticas públicas como o programa de Apoio à Pecuária Leiteira, Leite das Crianças e Leite Paraná que estimularam os investimentos feitos pelos laticínios na compra de máquinas e equipamentos nos últimos 5 anos.
“Com isso, o Paraná está produzindo leite de melhor qualidade em todo o Pais”, destacou Chandoha. Segundo o secretário, com a preocupação em garantir a qualidade na produção do leite das crianças o governo do Paraná investiu na formação e capacitação para os laticínios envolvidos com esses programas que também atendeu aos demais laticínios do estado.
Além disso, de 2003 para cá os estabelecimentos também incorporaram a tecnologia mais avançada para que o transporte do leite, conforme recomendação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Atualmente, segundo a pesquisa quase a totalidade ou 99% da coleta e transporte do leite enviado para processamento nos laticínios paranaenses já é feita a granel, em ambiente refrigerado desde a produção até a indústria.
Esses são alguns dos resultados revelados pelo estudo sobre a Atividade Industrial do Leite no Paraná, realizada pelo Ipardes, e que de acordo com Chandoha comprovam que o governo vem investindo bastante na cadeia produtiva do leite com o objetivo de melhorar a qualidade dos produtos e derivados. Ele apontou a prioridade para a compra de leite pasteurizado pelos programas de governo, em substituição à compra de leite em pó, como frequentemente acontecia, o que incentivou toda a cadeia produtiva.
Chandoha citou ainda como decorrência desses investimentos o amplo beneficio social proporcionado pelo programa Leite das Crianças, que ofertou um alimento de elevado valor nutricional para crianças de 6 a 36 meses de idade. Também foram adotadas políticas de incentivo à capacitação e gestão nas propriedades que levou à melhoria na qualidade do leite produzido. Os cursos foram viabilizados através de parceria com a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior que disponibilizou mais de R$ 7 milhões.
A pesquisa foi apresentada pelos técnicos do Ipardes Marisa Sugamosto e Paulo Wavruk e contou com a presença do presidente do Sindicato da Indústria do Leite (Sindileite) Wilson Thiesen e do superintendente do Lactec, Newton Pohl Ribas, idealizador do programa estadual de apoio à pecuária leiteira e do superintendente do Senar, Ronei Volpi, do presidente do Instituto Emater, Arnaldo Bandeira e da presidente do Ipardes, Maria Lucia de Paula Urban, entre outras autoridades.
A pesquisa apontou que a cadeia produtiva do leite deve manter os investimentos visando a diversificação da linha de produção e na adoção de novas tecnologias para manter os laticínios paranaenses competitivos no cenário nacional e no Mercosul.
PESQUISA - Segundo a pesquisa, o Estado conta atualmente com 314 laticínios formais presentes em 169 municípios, sendo que 301 deles responderam à pesquisa formulada pelo Ipardes. Esses laticínios correspondem a 289 empresas, sendo que sete delas mantém mais de uma planta industrial. Desse total, 80% dos estabelecimentos são micro e pequenos e 20% são de médio e grande porte. Eles processam 141,5 milhões de litros de leite por mês que totaliza 1,7 bilhão de litros de leite no ano.
Esse volume de produção demonstra que o Paraná é auto suficiente na produção da matéria prima, mas ainda há uma transferência de leite in natura para outros estados e a comercialização no mercado spot (leilão entre indústrias compradoras). Atualmente 40% do leite processado é enviado para fora do Estado.
A indústria paranaense tem capacidade ociosa elevada e teria condições de ampliar a transformação e processamento do leite produzido no Estado. Atualmente mais de 40% das unidades pesquisadas produzem apenas um tipo de queijo (principalmente o mussarela) e o leite pasteurizado.
Essa constatação leva a desafios como ampliar o mercado de produtos lácteos dentro do Estado e incentivar as exportações, iniciativas que certamente irão diversificar e dinamizar ainda mais a cadeia produtiva do leite que já passou por inúmeras transformações nos últimos anos.
A região Oeste foi apontada pela pesquisa como a maior produtora e processadora de leite no Estado com 29% do volume total de leite processado. Geograficamente, a região Sudoeste e Norte Central concentra o maior número de laticínios, porém são de pequeno porte. A pesquisa demonstrou que é justamente nessas regiões onde os programas de governo Leite das Crianças e Fábrica do Agricultor, que incentivam a produção e a agroindustrialização tiveram maior inserção, que contribuíram para ampliar o processamento de leite no mercado interno.
A pesquisa revelou também uma forte concentração empresarial, visto que apenas 14 empresas são responsáveis aproximadamente 50% do volume de leite processado no Paraná.
A indústria de leite emprega 6.320 pessoas e o maior problema enfrentado por esses estabelecimentos é a escassez de mão-de-obra. Segundo a pesquisa, os laticínios menores estão buscando nas instituições como Emater, Seab e Senar capacitação para seus funcionários. Já os estabelecimentos maiores criam cursos próprios ou recorrem ao Senai.
A área de maior interesse na capacitação, segundo os laticínios, são técnicas de produção, controle de qualidade e higiene na fabricação. Isso demonstra a preocupação da indústria do leite paranaense em manter boas práticas de produção, já demonstradas com a adoção da coleta e transporte de leite a granel e em ambiente refrigerado. Acesso à pesquisa a partir da próxima semana, dia 06/12, no site www.ipardes.pr.gov.br.
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
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