terça-feira, 19 de outubro de 2010

Pronunciamento do deputado Waldyr Pugliesi na sessão de quinta-feira (14 de outubro de 2010)

Pois bem, lá de baixo (das minas do Chile) veio todo este movimento, mas lá das cavernas também vieram essas palavras da senhora Mônica Serra, vamos dizer assim, inaceitável, que alguém que tenha formação política e ideológica caia numa situação dessas: - a Dilma Rousseff é a favor da morte de crianças!

Leia o pronunciamento na íntegra clicando no diretório "Mais informações" que aparece logo abaixo:

Senhor presidente, senhores deputados!

Começo falando a respeito do nível que estamos presenciando nestas eleições. É lamentável, mas muito lamentável mesmo aquilo que estamos vendo.

Outro dia no debate entre Dilma Rousseff e José Serra, lá pelas tantas a Dilma Rousseff falou aquilo que nós todos já sabíamos porque estava em todos os cantos do país.

“Como pode, candidato Serra, sua mulher, Mônica Serra, afirmar que eu sou favorável a morte das criancinhas?”

Pois bem, emocionado eu presenciei toda a luta não só do país chileno, mas presenciamos aqui no mundo todo um grande movimento de solidariedade, foi desencadeado em favor da salvação, vamos dizer assim, dos soterrados mineiros chilenos.

Deputados, a 700 metros de profundidade trabalhadores em busca da sustentação própria e das famílias que estavam buscando o alimento.

Então, imaginem a profundidade, a quase um quilômetro da superfície da terra aqueles homens resistiram àquela situação inusitada.

Pois bem, lá de baixo, deputado Rafael Greca, veio todo este movimento, mas lá das cavernas também vieram essas palavras da senhora Mônica Serra, porque é um absurdo que alguém e eu conheço muito bem o José Serra, eu fui constituinte com ele, homem de esquerda e eu sei muita coisa da vida dele e é, vamos dizer assim, inaceitável que alguém que tenha formação política e ideológica caia numa situação dessas: - a Dilma Rousseff é a favor da morte de crianças!

Olhem estas coisas precisariam acabar nas campanhas políticas, é uma vergonha alguém em busca do poder chega a este ponto!

Perguntado o candidato José Serra diz: “Não sei de nada, não vi, mas eu não controlo a minha mulher”.

E eu perguntaria: - como é que pode alguém que não controla, vamos dizer, ou pelo menos toma conhecimento, quer controlar 200 milhões de brasileiros?

Aí ele vem com aquela conversa que um conhecido de um parente da Dilma, não sei quem viu um dia na entrada de um shopping um parente da Dilma Rousseff e eles querem que a Dilma saiba de tudo isso!

Então, são vozes das cavernas, me parece que o Pinochet é que deixou este tipo de posição lá no Chile como os fundamentalistas aqui no Brasil também querem conspurcar as eleições!

Quando nós deveríamos estar discutindo as presenças do Banco do Brasil na vida dos brasileiros, daqui para frente, quando nós deveríamos estar aprofundando a discussão sobre o que nós faremos com a Petrobrás, com a Caixa Econômica, com a Copel, com a Sanepar, as pessoas estão jogando na campanha como fundamental para a decisão do voto, o casamento entre homossexuais, que é uma questão menor dentro da grandiosidade dos problemas que têm que se discutidos, tratados numa campanha presidencial!

Então, queria saber, porque me lembro que travamos uma luta aqui para que não se vendesse a Copel e nós temos a consciência que a não venda da Copel foi um enorme benefício para nós paranaenses. Como nós somos contra a presença dos particulares na direção da Sanepar, nós temos essa posição!

A Petrobrás é instrumento para alavancar o desenvolvimento do povo brasileiro, como o Banco do Brasil, a Caixa Econômica, todas essas empresas estratégicas e nós não estamos aqui querendo diminuir a disposição política para estes temas, questões de foro íntimo das pessoas que não devem preponderar na hora dessas definições!

Estava vendo os institutos de pesquisa, tão frágeis depois de muitas coisas que foram apontadas aqui dizendo o seguinte: “A Dilma Rousseff perdeu 2 milhões de votos por causa do efeito Erenice Guerra, perdeu 1 milhão de votos dos católicos, das questões do aborto e, principalmente, dos evangélicos em relação a esse tema do casamento entre homossexuais – homem com homem.

Então, começada a eleição dia 31, ninguém mais vai falar com muita importância a respeito desses temas, daí nós vamos cair na vida real.

Nós precisamos qualificar os trabalhadores brasileiros, criar milhões de empregos, fazer investimentos generosos nas ferrovias, nos portos, nos aeroportos, nas estradas que precisam de uma atenção especial do governo federal e estadual. Nós vamos ficar com essas questões que poderão até definir as eleições.

Mas, deputado Ademir Bier veja bem, vi ontem o principal canal de televisão do país dizendo o seguinte: “Olha, estamos aqui com o resultado desta pesquisa, a diferença é de apenas seis pontos, quando algum tempo atrás era de 14 pontos”.

Mas de maneira subliminar qual foi a mensagem que o canal de televisão estava passando? “Olha (vou radicalizar) nós do Serra estávamos 14 pontos atrás, agora só estamos a seis”.

Não é verdade isso. Primeiro os 14 pontos de diferença estavam tendo que ser levados em conta, porque o Plínio de Arruda Sampaio era candidato, a Marina Silva era candidata, então é natural que houvesse uma migração desses eleitores para algum outro candidato.

Então, querem de maneira – como eu falei – subliminar e outras vezes quando o Jornal Estado de São Paulo, de maneira muito clara dizer o seguinte: “Nós temos candidato, o nosso candidato é o José Serra e nós estamos fazendo de tudo para que ele vença a eleição”.

Acho que é até natural que os jornais façam isso. É muito comum, por exemplo, nas eleições norte-americanas, que os jornais tomem partido e apontem os seus candidatos. Eu gostaria até que essas coisas fossem mais explicitas, aqui também no país.

Deveria ter trazido até aqui par a tribuna um folheto que o pessoal de Maringá soltou, convidando os pais e os amigos de escolas especiais para se tratar do assunto referente ao fechamento das Apaes.

Então, quem é que vai fechar a Apae? A Dilma Rousseff, o Osmar Dias e nos caso o Waldyr Pugliesi.

Ah, espera lá! Essas coisas aconteceram, tinha lá no meu escritório um pacote desses papéis que foram distribuídos ai em muitos e muitos municípios. Não leva e não traz o folheto nome de ninguém, mas chega lá o pessoal trabalha.

Poderia trazer aqui nessa tribuna pessoas que foram procuradas para mudarem de voto porque se faria isso. Isso é muitas vezes tratar de maneira desonesta, assuntos tão importantes para todos nós. Então, essas coisas estão acontecendo.

E os partidos, como é que eles ficam? O meu partido tinha um caminho, olha: “Dilma, Osmar, Requião, Gleisi, os federais e os estaduais”.

Mas também virou uma salada que ninguém entende nada, gente do PDT apoiando o Beto Richa, gente do PSDB apoiando Osmar Dias.

Pedem providências, mas providências como se a hora que alguém de qualquer partido pretenda tomar uma posição dentro do próprio partido, se levantam vozes e ações são praticadas para que nada se faça.

Então, fico no desconforto porque sou um homem que fundou o MDB, o PMDB, sou pela quinta vez presidente do PMDB do Paraná. Sou um homem de um caminho só.

As idéias que estão dentro do meu partido, são idéias que levam no concreto a determinadas ações muito claras, como essa que falei de defesa das empresas estratégicas para que elas possam permanecer sob controle público. Os outros não. Os outros querem que as coisas não sejam assim.

Companheiros deputados, que nessa manhã de quinta-feira estão aqui na Assembleia Legislativa. A gente precisa fazer alguma coisa.

Sou alguém que trabalhou muito para que não houvesse o desmonte do Estado. Muitas vezes você vê todo um povo construindo empresas fundamentais para o seu desenvolvimento e dali a pouco aparecem aqueles que querem vender para meia dúzia de particulares, aquilo que o povo levou muitas vezes cinqüenta anos para construir.

É uma posição clara, um caminho, ideologicamente você fala – vamos caminhar por aqui ou por aqui. Nada mais diferente do que essas propostas que estão aí para serem aprovadas pelo povo brasileiro.

É lamentável que fiquemos discutindo essas coisas menores circunstanciais e oportunidades que aparecem em todas as eleições. Agressões as mais absurdas surgem de todos os lados.

Rafael Greca (aparte):

Hoje lei no Jornal Estado de São Paulo, que o candidato a vice-presidente da chapa de Dilma Rousseff, deputado e professor de Direito Constitucional Michel Temer tem dado várias entrevistas a emissoras de cunho religioso que não é satanista, que se decida à adoração de satanás.

Calcule o nível de besteirol que colocam na campanha eleitoral. Um professor de Direito Constitucional ter que dar entrevistas dizendo que não é satanista. Valha-nos Deus, porque o diabo está exatamente a explorar a mentalidade do povo que não presta atenção no capítulo 5 do versículo 13 do Profeta Isaías, onde ele diz “o povo será levado escravo, enquanto lhe faltar conhecimento”.

O seu discurso provoca nas pessoas a reflexão sobre a importância do futuro que nós queremos para o nosso país. Se queremos negar os avanços do presidente Lula ou se queremos confirmá-los.

Agora, não tem cabimento entrar no debate eleitoral a essa que obriga o pobre do Michel ter que dar entrevista dizendo que não é satanista.

Waldyr Pugliesi:

Senhor presidente, deputados, raros deputados presentes nesta manhã de quinta feira, lá pelos idos de 1980, quando eu era presidente do PMDB do Paraná, preocupado na formação de lideranças, para que pudessem representar com competência e discernimento as populações, trouxe várias vezes o presidente, o constitucionalista Michel Temer.

Advogado extraordinariamente competente, que atuava no Estado de São Paulo. Geraldo Ataliba, Michel Temer, Teotônio Vilela, Miguel Arraes, eu como presidente do partido, quantas vezes trouxe-os para a formação de novos quadros da política paranaense.

Estou dizendo estas coisas para dizer o seguinte: conheço o deputado Michel Temer a décadas. Há quantos anos faço parte da direção nacional do meu partido? Há muitos e muitos anos. E sempre tive, nesta convivência com o Michel Temer, o conhecimento de como era a vida deste companheiro.

Então, outro dia, estando eu no município de Sertanópolis, depois de ter feito uma intervenção. Nós estávamos em campanha. Uma companheira falou: “não é – vamos dizer assim – inteligente da sua parte falar da Dilma para este Plenário”. Eu falei: “olha, eu sou alguém que não esconde as posições que tenho e vou falar da Dilma”.

Falei da Dilma, como falei da Gleisi (Hoffmann), como falei do Roberto Requião, como falei do Osmar Dias, e como falei do deputado hoje eleito, o João Arruda, que me acompanhava nesta oportunidade.

Pois bem. Após minha intervenção, uma senhora chega-se a mim e diz: “por aquilo que o senhor falou eu poderei até votar no senhor; mas na Dilma não voto de jeito nenhum”.

E eu disse: “mas, porque não vota na Dilma? “Porque o filho do Michel Temer, um dia, no Hotel Sumatra, em Londrina, falou que tinha um pacto com Satã”.

Então, o filho do Michel tem um pacto com o capta, o filho teria dito não sei o que, como é filho do Temer e o Temer é vice da Dilma, estava prejudicada a possibilidade dela votar na Dilma Rousseff.

Não sei como é que tem pessoas que conseguem formular estas coisas para se convencerem de que não devem votar nesse candidato ou naquela candidata.

É um absurdo, mas é a nossa realidade. Essas coisas devem acontecer em todos os cantos, mas nós que somos políticos deveríamos, nós de todos os partidos, termos uma atuação muito firme para não darmos possibilidades destas coisas acontecerem.

Senhor presidente, muito obrigado pela tolerância, pelo tempo que me foi concedido!

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