segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O golpe militar e o legado do MDB-PMDB

O blog reproduz artigo do deputado Waldyr Pugliesi publicado originalmente em seu site, no dia 27 de março de 2009. Leiam a seguir a íntegra do artigo:

"Quando o nosso eterno presidente, o deputado Ulysses Guimarães, ergueu a Carta Magna em 1988, protagonizou um dos mais belos momentos da história democrática do Brasil ao declarar "Nós temos ódio e nojo da ditadura". A manifestação de Ulysses sintetizou a alegria de toda a nação brasileira e colocou uma pá de cal sobre um dos mais tristes episódios da história recente do nosso país.


Me refiro ao golpe militar que começou na noite do dia 31 de março e se consumou na madrugada do dia 1º de abril e que está completando 45 anos. Este ato simplesmente acabou com o o Estado de Direito de todos os cidadãos brasileiros. Nos mais de 21 anos de predominância, o regime discricionário foi responsável direto pela morte e o desaparecimento de muitas de pessoas. A maioria estudantes que não se dobraram aos coronéis da ditadura e se insurgiram contra aqueles desmandos todos.

Entre as atrocidades deste período negro, a execução do jornalista Vladimir Herzog em 1975 provocou a indignação e a revolta da Nação. Herzog estava em uma prisão de São Paulo e aos 38 anos foi morto de maneira covarde. Pior que isto, os coronéis tentaram convencer a opinião pública que ele havia cometido suicídio, versão que desmentida por iniciativa do rabino Henry Sobel, que não aceitou fazer o sepultamento do jornalista na área reservada aos suicidas em cemitérios judeus.


Agora, dentre todos os brasileiros que sofreram na pele os reflexos da segregação imposta pela ditadura militar, Ulysses Guimarães merece um destaque especial. Ele foi dos poucos brasileiros a participar da formatação de duas constituições. Em 1947 ajudou a elaborar a carta liberal, que substituiu a ditadura Vargas.


Ulysses merece o respeito de todos os brasileiros pelo seu desprendimento como fundador, em março de 1966, menos de dois anos após o golpe, do Movimento Democrático Brasileiro, o MDB velho de guerra. O partido se transformou no principal foco de resistência dos movimentos populares e dos ideais de esquerda durante os anos de chumbo do regime militar.


E foi graças a Ulysses e todos aqueles personagens que contribuíram e ainda contribuem para a democracia, que o MDB (hoje PMDB) se transformou no principal partido do Brasil. Atualmente temos representantes exercendo mandatos em todo o Brasil delegados através do voto da população.


O Paraná não ficou de fora desta luta toda pela redemocratização do país. Seguimos o exemplo de Ulysses Guimarães e fundamos o MDB quando estava em meu primeiro mandato como vereador em Arapongas. Assim como em todo o Brasil, os primeiros peemedebistas do nosso Estado enfrentaram condições bastante adversas. A maioria não se curvou e resistiu ao regime discricionário, se tornando em personagens que ainda hoje exercem forte influência no dia-a-dia da população.


Muitos destes personagens pagaram com a própria vida pela resistência ao regime militar. Isso aconteceu com o jovem estudante de Apucarana, Antônio dos Três Reis de Oliveira. Ao se rebelar contra o regime militar juntamente com seus colegas da União Paranaense dos Estuantes. Antônio dos Três Reis acabou executado pela ditadura em 1970, junto com a namorada numa casa no interior de São Paulo e até hoje a família não teve o direito de enterrar os ossos do ente querido.


Mas foi no dia 12 de janeiro de 1984, que o PMDB do Paraná e seus correligionários iniciaram uma contra-ofensiva que sepultou de vez o regime militar. Nesta data organizamos e reunimos mais de 50 mil pessoas na Boca Maldita, no centro de Curitiba, para o primeiro comício pelas Diretas Já. Na manifestação, lembro muito bem, estavam lado a lado com Ulysses Guimarães, Leonel Brizola e Montoro Franco, lideranças como o governador Roberto Requião (então deputado estadual), o então governador José Richa e o senador Álvaro Dias, que tiveram e ainda tem uma participação muito importante na vida do Estado.


Hoje, passados 45 anos daquela noite trágica para a democracia do país, podemos dizer que o 31 de março de 1964 não representa mais nada. Porém é uma data que deve ficar na história como exemplo de repressão e de entreguismo que a nossa Nação passou até a abertura política, consumada em 1990 com a primeira eleição direta para presidente do novo regime democrático do Brasil."

Waldyr Pugliesi deputado estadual, lder do PMDB na Assemblia Legislativa e presidente do Diretrio Estadual do PMDB.

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